terça-feira, 25 de março de 2014

3ª REUNIÃO DE FORMAÇÃO (25/03/2014): relato dos trabalhos

"Por favor, entendam o meu escurecimento. Abandonei a convicta e confortável clareza das coisas"

Cristiane Sobral
Serviço:
Autoria do texto: equipe PIBID, Subprojeto História
Relações públicas e secretariado de abril: Jéssica Regina Soares e Késia Cordeiro de Faria
Revisão textual: Euzebio Carvalho

Relato:
Na reunião da tarde do dia  25/03/2014, tratamos dos seguintes pontos:

Imagem para a camiseta do projeto
Retomamos a discussão acerca da confecção de uma camiseta para o grupo. Maria Elisa apresentou uma imagem que foi escolhida pela maioria para figurar na nossa camiseta.


Discutimos as atividades que serão realizadas  em nossa primeira visita à escola-campo, na próxima semana. Os objetivos gerais do momento são conhecer os espaços da escola e os profissionais que lá trabalham. 


Ao mesmo tempo, seremos conhecidos por toda a comunidade escolar, entre funcionários, professores, alunos e gestores. Como resultado da visita, faremos uma postagem coletiva no blog apresentando a escola. Combinamos o horário e local de encontro da turma para ir à escola.


Encaminhou-se o pedido de senha da internet sem fio para os bolsistas, por parte da diretora da escola-campo;


Definimos o prazo final para realização das atividades do primeiro mês (até dia 05/04);


Nessa tarde, fizemos a apresentação do grupo do PIBID aos representantes da unidade (Direção, por meio da participação da secretária da direção, Patrícia; da participação da representante da Secretaria; da Biblioteca e dos Serviços Gerais, dona Geni)


Discutimos o papel da mídia e das representações midiáticas reforçarem a discriminação e o racismo. A profa Maria Cristina citou uma música de Tião Carreiro & Pardinho que conta sobre a submissão de um homem negro à família de seu empregador fazendeiro. Citamos o caso do jogador de futebol Tinga que foi alvo de racismo em jogo no Chile;


Discutimos também que algumas palavras reforçam a discriminação étnico-racial e cultural, como por exemplo, as palavras "judiar", "denegrir", "mulatas" entre outras;


Problematizamos algumas ideias que devem ser entendidas em seu processo de reforçar a discriminação, como por exemplo, afirmar que "os próprios negros não se aceitam como negros". Essa frase é problemática pois individualiza atitudes que são histórica, social e culturalmente construídas. Portanto não podem ser pensadas na chave pessoal, mas processual da construção de processos educativos. Numa sociedade em que inexiste referenciais positivos da história e cultura afro-brasileira; uma sociedade que não valoriza, não reconhece e não respeita as diferenças culturais (e físicas) dos indivíduos que a constituem não são valorizadas, como esperar que esses indivíduos construam sua identidade na diferença? Socialmente, percebemos que as características físicas, estéticas, religiosas e culturais das pessoas negras não são valorizadas. Assim, como responsabilizar individualmente as pessoas por isso?
Roda de capoeira


Tratamos de várias situações que demonstram as práticas racistas em nossa sociedade. Uma bolsista disse que quando praticava capoeira, ouvia constantemente que "aquilo era coisa do demônio". Outra pessoa relatou que a sociedade local tinha grande resistência a cor da santa (Nossa Senhora Aparecida). Não queriam aceitar que ela fosse pintada de preta. Nesse momento, lembramos do impacto de algumas representações cinematográficas que trazem Deus e Jesus como negros. É o caso do filme "Todo Poderoso" e "O Auto da Compadecida". Uma outra bolsista relatou um fato que aconteceu na escola em que trabalha como bolsista do programa "Mais Educação". Ela nos disse que, ao entrar em determinada sala, encontrou todos os alunos chorosos. Os alunos contarão-lhe o ocorrido. Um menino negro disse que no futuro se casaria com outra coleguinha de sua sala, uma menina branca. Ao ouvir isso, essa lhe disse "eu não vou casar. Você é feio, preto e pobre". Diante do acontecido, a professora que estava como regente na sala chamou atenção de todas as crianças, dizendo que isso era discriminação. Tais atitudes não deveriam acontecer. O impacto dessa conversa foi tão grande que as crianças, depois de refletir sobre o que aconteceu, ficaram todas chorosas. A bolsista disse que a atitude da professora foi muito positiva para evitar a perpetuação do racismo no espaço escolar.

Em certo momento, discutimos a frase utilizada como epígrafe dessa postagem. "Por favor, entendam o meu escurecimento. Abandonei a convicta e confortável clareza das coisas" de autoria de Cristiane Sobral. No início, não houve consenso sobre seu significado. Alguns disseram não entender do que se tratava. Depois, passamos a discuti-la, ponto por ponto. A frase revela o nascimento de uma identidade negra. Aponta para a valorização da cultura negra. Refere-se com ironia e criticidade em relação à "clareza das coisas". Questiona os pressupostos que escuro/preto é ruim e claro/branco é bom.

Ao final dos trabalhos da tarde, foi consensual entre nós que o encontro foi muito produtivo para a nossa formação. A cada encontro, o grupo se sente mais coeso e unido entre si e empenhados nos objetivos gerais do grupo. Ficamos todos satisfeitos com os resultados do dia.



Obs:
Na manhã desse dia (25/03/2014), os bolsistas e o coordenador se reuniram no Laboratório de História para criação e atualização do currículo lattes de cada um. Aqueles que não compareceram na parte da manhã, permaneceram no laboratório após o horário da reunião vespertina para atualizar o lattes. Incluímos no currículo de cada um o projeto do PIBID (componentes, código identificador 128280, valor mensal total das bolsas).

domingo, 23 de março de 2014

Por que ensinar relações étnico-raciais nas salas de aula?

professora Nilma Lino Gomes
Texto originalmente publicado no blog Ensaios de Genêro por Adriano Senkevics, em 19/03/2014
Já faz alguns anos que se fala da importância de a Educação brasileira incorporar temáticas relativas à História da África e da Cultura Afro-Brasileira nos currículos escolares. Esse foi, justamente, o objetivo da Lei 10.639/03, sancionada pelo ex-presidente Lula no início de seu mandato. 

Conforme aponta a professora Nilma Lino Gomes (2008), mais do que uma iniciativa do Estado, esse marco legal reflete uma vitória do movimento negro na luta contra o racismo. Mas, afinal, o que a escola tem a ver com isso e por que essa lei existe?

 Reflitamos, por um momento, no que aprendemos sobre a África, a cultura de matriz afro-brasileira e negros/as na escola. Além da escravidão, quase nada – a não ser que o/a leitor/a tenha tido a felicidade de encontrar um ou uma docente com preparo e disposição suficientes para lecionar esses temas.Caso contrário, a implantação curricular de uma parte importante e, diria mais, estruturante, da história e cultura brasileira fica relegada a uma função decorativa. Fala-se da escravidão, do tráfico de escravos, do abolicionismo, e só.

Vivemos em uma nação em que uma sutil maioria da população é composta de pretos e de pardos (que, somados, constituem a categoria “negros”). Entre os demais, a maior parte são brancos miscigenados. Discutir as relações étnico-raciais que construíram esse país, logo, deveria ser uma obrigação de todos os cidadãos, não importando sua origem ou etnia. São esforços que não apenas se somam na luta contra o racismo, como também na consolidação da democracia, da promoção da cidadania e no reforço à igualdade social e racial.

Dado que a escola é um local privilegiado para a transmissão de conhecimentos que vieram desde as gerações anteriores, ela também se torna um dos focos do movimento negro. De uma forma ou de outra, o currículo escolar seria trazido à tona. Essa é a intenção da Lei 10.639/03 – que posteriormente foi complementada pela Lei 11.645/08 para incluir também a questão indígena. O que a sociedade, então, ganharia com a inclusão de um debate profundo sobre história africana e cultura afro-brasileira? Conhecer a história mundial é essencial para entender o que é o Brasil no contexto das relações globais. Porém, da forma como é tratada hoje, o que se convencionou chamar de História Geral é basicamente uma narrativa europeia ou, no máximo, euro-americana (do Norte). Nem a América Latina, nosso próprio continente, é adequadamente discutida. Quanto mais um continente relegado a uma imagem estereotipada, folclorizada e pejorativa como a África.

Além disso, compreender a África desfaz a noção primária de que, naquele continente (do qual não sabemos sequer os nomes dos países), só existe miséria, fome, doenças endêmicas, guerras “tribais” e atraso. A riqueza cultural, étnica, linguística, artística, intelectual, bem como as nuances de uma história tão complexa quanto o nó que reconhecemos em uma Europa ou Estados Unidos, são deixados de lado. A África, sem sombra de dúvidas, torna-se o bode expiatório de nossa cegueira internacional, a nossa ignorância orgulhosamente ostentada em preconceitos. 

Nesse sentido, já se passou da hora de olhar a história mundial com outros olhos, até para entender nossa situação presente com maior cuidado e atenção. “Essa revisão histórica do nosso passado e o estudo da participação da população negra brasileira no presente”, sugere Gomes (2008, p. 72), “poderão contribuir também na superação de preconceitos arraigados em nosso imaginário social e que tendem a tratar a cultura negra e africana como exóticas e/ou fadadas ao sofrimento e à miséria”. Em outras palavras, a sociedade se beneficiaria em muitos sentidos: tanto pedagógicos, no tocante a uma visão mais afirmativa da diversidade étnico-racial, quanto políticos, na problematização das relações de poder que marcam os diferentes segmentos da população. 

Justamente, essas relações de poder – que salvaguardam os brancos em um estatuto de neutralidade, acima de qualquer suspeita, e associado a espaços de prestígio – têm um efeito direto na constituição de subjetividades dos/as negros/as. Trocando em miúdos, as desigualdades que herdamos nessa sociedade influenciam no modo pelo qual negros (e brancos) se veem como sujeitos. Têm-se demonstrado que, mesmo em contextos sociais equivalentes, as experiências de brancos e negros em função de sua cor/raça são distintas. Poderia não ser, mas o estrago já foi feito e cabe a nós dedicarmos esforços contínuos e profundos almejando a reparação. 

Voltando aos conteúdos que estudamos sobre questão racial na escola, há de se ressaltar que reduzir a abordagem desta questão ao fenômeno da escravidão é um viés bastante problemático. A impressão que fica é que os negros surgiram de um ambiente sem uma cultura prévia, capturados da escuridão de um algum lugar da “África”, e trazidos ao Brasil na condição naturalizada de “escravos”.

Ora, homens e mulheres que foram forçados a trabalhar em condições degradantes até o século XIX não eram apenas escravos, e sim escravizados – seres humanos extraídos à força para alimentar um mercado deplorável. Ainda, esse período trágico da história brasileira e mundial parece ser apresentado como se não guardasse nenhuma relação com o presente. Dá a impressão de que existiu no passado, sem ligação com o sistema econômico e político, e foi abolido por uns pequenos esforços abolicionistas, dentre os quais a atuação do Zumbi dos Palmares e da Princesa Isabel. Trata-se de um retrato absolutamente despolitizado da escravidão, abordada como uma página virada, uma gravura isolada de Jean-Baptiste Debret, uma fatalidade que foi em seguida corrigida.

Por essas e outras, uma perspectiva mais refinada da história africana e da cultura afro-brasileira, ambas presentes em praticamente tudo que compõe essa nação, é um importante passo na educação para as relações étnico-raciais. E aqui Gomes (2008) enfatiza a faceta das relações, no sentido que envolvem mais de um sujeito, são datadas historicamente, e permitem que se enxergue tanto a produção dos privilégios quanto das opressões. 

Como trabalhar isso em sala de aula? Essas são questões que fogem do escopo deste texto, até porque eu não me atreveria a fornecer um manual prático. No entanto, adianto que há denúncias de que a formação de professores é precária no que diz respeito às questões étnico-raciais. 

É fato que essas temáticas são superficialmente abordadas em cursos de Pedagogia e Licenciatura pelo país. Um primeiro esforço, talvez, seja incorporar esses temas no ensino superior para, em médio e longo prazo, gerar um corpo de conhecimentos para quem se aventura na sala de aula. Em seguida, é valido salientar que muitos temas pertencentes a essa discussão já estão dentro escola. A prática de capoeira, samba ou hip hop, religiões como umbanda ou candomblé, a estética negra, exemplos de negros em posições de sucesso, comentários sobre o 20 de novembro, ofensas de cunho racial, entre outras, são elementos que muito provavelmente surgem com alguma recorrência nas escolas.

Eles podem ser utilizados como trampolins para se aprofundar as temáticas, além de partirem da vivência das próprias crianças e jovens. Cultura afro-brasileira, portanto, não se trata de um tema alienígena. Ele já está presente, esperando para ser abordado. 

Finalizo, assim, reiterando a importância de se ensinar relações étnico-raciais não apenas visando a atender as demandas de um segmento, por sua vez significativo da população, senão com o objetivo de promover, aos poucos, uma alternativa à forma como a própria sociedade se enxerga.Valorizar a cultura afro-brasileira como um componente nacional, estudar a história mundial com um olhar menos eurocêntrico, compreender as lutas do movimento negro pela igualdade social e racial no país, bem como pela superação do racismo, são etapas dessa transformação. Esses são passos que interessam a todos/as e que vão além da escola, sem dúvida. Mas é nela também que concentramos algumas das alternativas nessa frente de tantos caminhos.
 Comente e participe

terça-feira, 18 de março de 2014

2ª REUNIÃO DE FORMAÇÃO (18/03/2014): definindo os procedimentos de trabalho

Autoria do texto: Euzebio Carvalho

Obs: a cor vermelha refere-se às deliberações encaminhadas na reunião


PROGRAMA DA REUNIÃO 

http://www.acordacultura.org.br/kit



I. Abertura



Audição do cd “Gonguê: a herança africana que construiu a música brasileira” do projeto “A cor da cultura”: Faixa 2 “Apresentação dos instrumentos de vime”(Caxixi e Chiquitsi ou Caembe)


Clicando no link (no final da página: na "Sala de Música"), vc pode baixar todas as faixas do cd, mais o livreto.


 

II. Apresentação


a. Currículo lattes de tod@s @s bolsistas: terminar até dia 01/04 (marcamos que no dia 25/04, as 9h, estaremos no laboratório de informática da unidade para atualizarmos nosso lattes) Foi pedido aos alunos que encaminhassem por e-mail uma breve apresentação institucional com imagem. Essa foi a tarefa de casa;

b. Identificação: camisetas para usar nas escolas e na unidade, durante as ações do projeto: fizemos o esboço do desenho e decidimos sobre as características e informações de nossa camiseta;

c. Apresentação da equipe aos gestores da unidade; ainda não foi feito

Audição do cd “Gonguê: a herança africana que construiu a música brasileira” do projeto “A cor da cultura”: Faixa 3 “Apresentação dos instrumentos de couro” (alfaia e pandeirão)



III. Metodologia de trabalho

a. Reunião de formação: Coletivo de Estudo e Pesquisa

b. Objetivo: desenvolver a expressão e comunicação (escrita e oral) dos bolsistas;

c. Registro individual no Diário de Campo;

i. Elaboração das regras de convivência: assiduidade, envolvimento e compromisso com a formação (projeto e universidade), lealdade ao grupo, ética no exercício e nas relações profissionais, colaboração e co-criação, cuidado responsável e positivo com a escola e com a imagem do Outro; depois que apresentei esses valores e práticas, cada integrante do grupo apresentou características ou comportamentos que, em sua opinião, atrapalhariam o trabalho em grupo e que precisariam constar nas regras de convivência;

Audição do cd “Gonguê: a herança africana que construiu a música brasileira” do projeto “A cor da cultura”: Faixa 4 “Apresentação dos instrumentos de madeira” (Xequerê e Marimba) 

d. Relatoria das reuniões: deverá fazer o registro presencial de toda reunião, escrito e fotográfico, nas unidade e na escola-campo;

e. Relações públicas: responsável pela divulgação das informações: Blog, lista e face

f. Por sorteio, ficou definida a seguinte escala mensal para Relatoria e Relações Públicas do grupo




i. Abril: Késia (sec) & Jéssica (rel.) 
ii. Maio: Wariane (sec) & Maria Elisa (rel.)
iii. Junho: Letícia (sec.) & Mauro (rel.) 
iv. Agosto: Nayara (sec.) & Fábio (rel.) 
v. Setembro: Maria Elisa (sec) & Jaqueline (rel.)
vi. Outubro: Jessica (sec) & Késia (rel.)
vii. Novembro: Mauro (sec.) & Wariane (rel)
viii. Dezembro: Fábio (sec.) & Letícia (rel.)




Audição do cd “Gonguê: a herança africana que construiu a música brasileira” do projeto “A cor da cultura”: Faixa 5 “Apresentação dos instrumentos de metal” (Reco-reco, Ganzá e Agogô)

g. Atuação nas escolas:

i. Máximo duas pessoas por ano. Cada dupla acompanhará uma turma, ao longo de todo o ano. a profa. Maria Cristina apresentou alterações no horário para concentrar um maior número de aulas de história na terça-feira;

ii. Diferença entre estágio e PIBID: terça PIBID (observação e análise das relações étnico-raciais na sala de aula e nos outros espaços escolares; depois faremos as intervenções (além das aulas de historia); nos outros dias realizaremos o estágio; por hora, decidimos que as duplas revezarão na observação e na monitoria do professor regente. Na observação, o bolsista deverá registrar no cadernos os mais diferentes elementos que remetem no espaço da aula de história, às relações étnico-raciais. Enquanto isso, na monitoria, o bolsista buscará complementar o tema da aula trabalhada pelo professor regente com conteúdos e informações relativas à História e Cultura Afro-Brasileira. Para isso, combinamos que é preciso fazer a observação atenta e sempre atualizada dos conteúdos das aulas do professor (antes que ela aconteça). Decidimos também que o bolsista deve me procurar para fazer a orientação sobre esse conteúdo;

iii. Papel do pibidiano na escola e o perfil do projeto (não é estagiário, é bolsista de um projeto com objetivos específicos e metas a serem alcançadas); Cada carga horária será trabalhada separadamente.
 

  
 IV. Material de formação

O programa de leituras será definido posteriormente. Para acessar ao material, visite o sítio do projeto A Cor da Cultura




V. Tarefas no espaço virtual

a) Fazer um e-mail de apresentação pessoal com foto e enviar para o grupo <pibidhistoria_ueg_go@googlegroups.com> Até o dia 24/03;

b) Visitar o ambiente virtual do grupo em "pibidhistoria_ueg_go" no googlegroups;

c) Visitar o blog "Afro-Educação em Goiás" e ler os comentários dos colegas;

d) Postar a apresentação pessoal no blog (com foto); Decidimos que eu recolherei todas as apresentações (que deverão ser enviadas por e-mail para o pibidhistoria_ueg_go@googlegroups.com) e farei um post único.


VI. Demais observações gerais

a) Orientações sobre a impossibilidade de acúmulo da bolsa PIBID com outras bolsas institucionais (extensão, monitoria, pró-licenciatura, permanência, iniciação-científica etc). Cada bolsista deve se manifestar sobre isso;

b)  Orientações sobre a necessidade da realização de comentários nas postagens do blog;

c) Socialização do calendário de eventos regionais de 2014, via google.docs;

d) Trabalhamos na discussão e elaboração da nossa regra de convivência em grupo, a ser socializada e posteriormente, publicada no blog;
  • Compromisso com o grupo;
  • Contato harmonioso, além dos espaços de trabalho e reuniões; amizade;
  • Profissionalismo e ética nas relações interpessoais e institucionais relativas ao projeto; transparência nas relações em grupo;
  • Colaboração, lealdade, confiança;
  • Expor, compartilhar as ideias e saber ouvir; garantir o direito à fala do colega;
  • Críticas construtivas; interferir de forma construtiva;
  • Confiança na competência do grupo e na deliberação das atividades;
  • Confiança e deliberação;
  • Respeitar as diferenças e ajudar; auxílio aos colegas; identificar as diferenças, dificuldades;
  • Pontualidade e compromisso;
  • Respeito aos outros e suas ideias;

e) Definimos as duplas que ficarão nas salas de aula. Cada dupla acompanhará apenas um ano da seguinte maneira:
  • Letícia e Késia atuarão no 6º ano, sob orientação da profa. Maria Xavier;
  • Jéssica e Mauro atuarão no 7º ano, sob orientação da profa. Maria Xavier;
  • Maria Elisa, Jaqueline e Nayara atuarão no 8º ano, sob orientação da profa. Eliane; 
  • Fábio e Wariane atuarão no 9º ano, sob orientação da profa. Eliane;

domingo, 16 de março de 2014

Ilê Aiyê : 40 anos do orgulho negro do Curuzu

Autor do texto: Jair Nguni - Historiador e militante do Movimento Negro de Campina Grande.









Segundo o Caderno de Educação Organizações de Resistência Negra, o bloco afro Ilê Aiyê surgiu a partir de um grupo de jovens negros (as) acostumados a promover atividades recreativas e culturais no bairro da Liberdade, em Salvador. Conhecido pelo nome de Zorra, essa juventude negra reunida em torno desse grupo sabia muito bem o que queria, pois acreditava que era possível através da dança, da estética, da música e do canto combater o racismo, buscar auto-estima para a raça negra e, por conseguinte, propor a idéia de “reafricanização” do carnaval de uma cidade onde imperava de maneira bastante forte o mito da democracia racial, bem como uma nítida segregação espacial no carnaval de Salvador. Realmente, creio que não foi nada fácil para aqueles negros e negras  corajosos e ousados, em plena ditadura militar, construir uma organização social, política e carnavalesca com o objetivo de assumir símbolos identitários africanos. O Ilê, no entanto, conseguiu apesar de todas as adversidades  impostas pelo racismo realizar essa verdadeira façanha no carnaval de 1975, ao fazer um desfile vestido com fantasia de guerreiro axanti, portando nas mãos de seus integrantes tabuletas de madeiras com palavras de ordem contra o racismo, inspiradas na luta do  movimento negro dos Estados Unidos da América. Posso citar, inclusive, os nomes de alguns  negros e negras que ousaram cantar o orgulho de ser negro (a) em plena Praça Castro Alves: Antonio Carlos dos Santos (Vovô), Dete Lima, Lili, Ana Meira, Eliete, Apolônio de Jesus, Jailson, Aliomar, Macalé, Sergio Roberto,Vivaldo, Ademário, etc.


Quando afirmei que não deve ter sido nada fácil para o Ilê realizar o seu primeiro carnaval. Talvez, tenha sido pelo fato de saber de certas histórias  que nem sempre são de conhecimento do grande público. Por exemplo, o primeiro nome que os fundadores do Ilê pensaram para criar a entidade foi Poder Negro numa clara alusão ao Black Power dos  afro-americanos. Entretanto, os fundadores do bloco afro foram  "aconselhados" por pessoas que trabalhavam na Polícia Federal a mudar de nome, pois a primeira proposta poderia ser identificada como coisa de comunista. Para fugir dessa repressão da ditadura militar, a saída foi adotar o nome de origem iorubá Ilê Aiyê, cuja tradução livre em português pode ser lida como Casa de Negro. Só que nada disso adiantou, visto que no primeiro desfile deste bloco afro “tinha mais policiais fora do bloco do que gente dentro”, como disse o próprio músico e educador do Ilê Sandro Teles em depoimento concedido para a Revista Caros Amigos. Na verdade, o Ilê para desfilar teve que  passar na Polícia Federal por uma verdadeira sessão de interrogatório e pressão psicológica, diga-se a bem da verdade.

Ao falar sobre esses 40 anos de resistência do mundo negro como se diz lá em Salvador. Também não podemos  esquecer  das críticas injustas e tendenciosas que foram veiculadas por meio de uma nota  do Jornal  A Tarde do estado da Bahia contra o  primeiro desfile do Ilê Aiyê. O título dessa  nota publicada logo após a passagem do bloco pela Praça Castro Alves, sem assinatura, dizia: “Bloco Racista, Nota Destoante.” O Ilê acabou sendo acusado de separatista por trazer para as ruas de Salvador  um  "feio espetáculo"  e por trazer um problema racial que não fazia parte das relações sociais da nossa sociedade brasileira, segundo o conteúdo dessa nota divulgada no dia 12 de fevereiro de 1975. É interessante observarmos, nesse contexto, como a classe dominante da Bahia é racista e hipócrita, pois quando analisamos a história do carnaval na sociedade soteropolitana, percebe-se que a segregação social e espacial com recorte racial sempre fez parte das relações entre brancos e negros. Vejamos, por exemplo, o jogo ou brincadeira do Entrudo  na sociedade escravista e patriarcal em que os rapazes brancos podiam jogar farinha e  água nos negros. Já os negros tinham que brincar o Entrudo só entre o seu grupo étnico. Essa forma de vivenciar o carnaval sem neutralizar as hierarquias raciais entre brancos e negros foi mantida no final do século dezenove, já que os clubes carnavalescos como Fantoches da Euterpe, Politeama e Cruz Vermelha realizavam bailes para seus integrantes majoritariamente brancos. E, no século vinte, antes do surgimento do Ilê Aiyê no bairro da Liberdade os afoxés, batucadas e cordões formados por negros só podiam brincar carnaval em certos espaços reservados da capital baiana, a exemplo do Taboão, Baixa dos Sapateiros e Barroquinha. Será que o Jornal A Tarde nunca viu esse segregacionismo  ser praticado pelos clubes da elite branca de Salvador contra nós negros,  como fez por tanto tempo o  tradicional Clube Baiano de Tênis ?

O Ilê Aiyê, portanto, rompe com essa segregação espacial e étnica ao propor um novo estilo de vida ao povo negro de Salvador, tendo como meta a valorização da arte e cultura de origem africana historicamente tão desprezadas  pelas elites racistas, no Brasil. Na sua  histórica trajetória de luta ainda  somos obrigados a reconhecer que algumas ações sociais, educacionais e empreendimentos culturais  fizeram deste bloco afro referência de luta  contra o racismo neste país. Podemos citar, em primeiro lugar, a criação da Semana da Mãe Preta, em 1979, que surgiu como forma de homenagear todas as mulheres negras que morreram lutando contra a escravidão, assim como para reverenciar a já falecida Mãe Hilda Jitolu, chamada por todos do bloco com muito respeito e reverência de grande guardiã da fé e da tradição africana, pois como todos nós sabemos o Ilê Aiyê nasceu dentro do terreiro de candomblé da própria Mãe Hilda Jitolu. 



Essa ação pioneira mencionada acima revela o compromisso político do afro Ilê  com a recuperação e preservação da memória de mulheres negras excluídas por essa historiografia eurocêntrica, excludente e racista que sempre valoriza os eventos e acontecimentos históricos sob o ponto de vista do homem branco europeu e brasileiro. Nesse sentido, vejo nesse tipo de projeto uma tentativa de fazer das afrodescendentes protagonistas da história, combatendo o sexismo e discriminação racial enfrentados pela mulher negra em todos os setores da sociedade, sobretudo no campo da produção do conhecimento histórico.  Na maravilhosa canção Negros de Luz, o compositor Edson Carvalho (Xuxu), chama a quilombola Zeferina de heroína. Acotirene de guerreira princesa negra e  Dandara de rainha da beleza. Com certeza, o coral negro não seria o que é sem a criatividade, inteligência e talento de tantos outros (as) compositores (as) que já morreram e de tantos que permanecem vivos (as), contribuindo de forma genial para a existência política e cultural dessa verdadeira realeza nagô. Cabe aqui citá-los: Buziga, Cissa, Mundão, César Maravilha, Jailson, Apolônio, Ademário, Geraldo Lima, Paulinho do Reco, Miltão, Adailton Poesia, Nem Tatuagem, Suka, Guiguio, Beto Jamaica, Itamar Tropicália, Alberto Pita, Cuiúba, Marcos Boa Morte, Jorjão Bafafé, Môa do Catendê,Valter Farias, Reizinho,Valmir Brito, Nelson Rufino, Odé Rufino, Gilson Nascimento, Gibi, Paulo Vaz, De Neve, Eloi Estrela, Sandro Teles, Mario Pam, Cláudio do Reggae, Marito Lima e Gusa.

Outra iniciativa exitosa envolvendo as relações de gênero. Foi a  realização nesse mesmo ano de 1979 da Festa da Mais Bela Crioula, uma festa que mais tarde passou a ser chamada de Noite da Beleza Negra do Ilê Aiyê. Nessa festa o Ilê escolhe a Deusa do Ébano, não só por ser bonita fisicamente, mas pelo fato de ser também uma mulher negra consciente de sua negritude, orgulhosa de ser negra e sabedora de suas raízes africanas. Portanto, ao fazer este tipo de concurso o bloco que valorizar a beleza da mulher afro-brasileira, mostrando através dessa mulher de origem africana o quanto o Bloco Afro Ilê Aiyê é repleto de exuberância, charme, elegância, força  e dignidade. 



Gostaria de concluir esse texto  registrando o belo trabalho social, musical e pedagógico com crianças e jovens do bairro da Liberdade, por meio da Escola Mãe Hilda e da Banda Erê. Nessas ações educacionais e culturais as crianças aprendem a cantar, dançar e tocar instrumentos percussivos, além de aulas sobre cidadania e história das tradições africanas. Esse modelo educativo de sucesso acabou indo parar em outras escolas públicas de Salvador, fazendo do Ilê até hoje uma grande referência de luta no combate às desigualdades raciais no campo da educação, graças ao trabalho edificante e persistente de educadores e educadoras como Ana Célia da Silva, Maria de Lourdes Siqueira, Jônatas Conceição (in memórian), Dete Lima, Arany Santana, Lindinalva  Barbosa,  Hildelice Benta dos Santos, Jaime Sodré, Sandro Teles, Durvalina Cerqueira, Lícia Barbosa, Jô Guimarães, Isabelle Barbosa, Dayse Barreto, Valdina Pinto, etc.

Fico feliz  e orgulhoso só pelo fato de saber que a minha história de luta enquanto ativista do Movimento Negro de Campina Grande está ligada ao PEP- Projeto de Extensão Pedagógica do Ilê Aiyê, já que por duas vezes solicitei Cadernos de Educação e fui atendido com muito carinho e respeito  por esse brilhante bloco afro. Agora, o que me impressionou nessa história toda sobre os 40 anos de história do mais belo dos belos foi a presença iluminada de  uma  certa  professora, escritora, intelectual e pós-graduada em Estudos Africanos e Doutora em Educação pela UFBa  no Projeto Agosto da Igualdade-215 Anos da Revolta dos Búzios- Homenagem ao Poeta Arnaldo Xavier. Essa educadora chama-se Ana Célia da Silva do Ilê, que queria pagar sua passagem para palestrar em Campina Grande, mas eu não deixei por achar isso injusto, uma vez que Ana era a minha convidada.  Depois a professora falou que queria chegar na quinta- feira para prestigiar João Jorge do Olodum e Chico César no evento, embora a palestrar dela fosse acontecer somente no sábado pela manhã. Vi nesse seu gesto nobre um exemplo de como  deve ser uma grande ativista do movimento negro. Vi uma mulher espirituosa, solidária e que sabe muito bem representar com dignidade o Ilê Aiyê de Salvador.

Parabéns,  maravilhoso bloco do prazer !

E Viva os 40 anos do coral negro!

Sítio oficial do Ilê Aiyê: http://www.ileaiyeoficial.com/

terça-feira, 11 de março de 2014

1ª REUNIÃO DE FORMAÇÃO (11/03/2014): O primeiro encontro do grupo

"Somos pretos e cantaremos nossa cor..." 
Saulo Fernandes. Raiz de todo bem (2013)

Serviço:
Autoria do texto: Euzebio Carvalho


Relato: 

PROGRAMA planejado para a 1ª reunião:

    1.     Boas vindas!!!

    2.     Horário: toda terça, das 14-15h30 das 15h45-17h. Justificativa para o grupo de e-mail (transparência e registro)
   3.     Apresentação do PIBID: da formação de professores/as à atuação na rede básica;

4.     Apresentação (nome, interesses acadêmicos/profissionais, expectativas para o projeto; as africanidades brasileiras e minha biografia;
a.     Currículo lattes de tod@s @s bolsistas;
b.     Identificação: camisetas para usar nas escolas e na unidade, durante as ações do projeto;
c.      Apresentação da equipe aos gestores da unidade;

5.     Apresentação sobre o trabalho em grupo;

6.     Participação ativa em eventos;

7.     Definir uma problemática de investigação individuais à partir dos objetivos do projeto (pesquisa; projeto de TCC; TCC)

8.     Apresentação do projeto: Educação para as Relações Étnico-Raciais: as africanidades brasileiras na sala de aula;




    9.     Metodologia de trabalho:
     a.     Reunião de formação: Coletivo de Estudo e Pesquisa
     b.     Expressão e comunicação do bolsistas;
     c.      Registro individual no Diário de Campo;
                                                    i.     Elaboração das regras de convivência:
1.     Assiduidade, envolvimento e compromisso com a formação (projeto e universidade), lealdade ao grupo, ética no exercício e nas relações profissionais, colaboração e co-criação, cuidado responsável e positivo com a escola e com a imagem do Outro;
d.     Relatoria das reuniões: fazer o registro presencial da reunião
e.     Devolutiva pública: divulgação das informações: Blog
f.       Relatoria e Relações públicas (fazer a escala mensal por sorteio)
                                                    i.     Março:
                                                  ii.     Abril:
                                                 iii.     Maio:
                                                 iv.     Junho:
                                                   v.     Agosto:
                                                 vi.     Setembro:
                                               vii.     Outubro:
                                              viii.     Novembro:
                                                 ix.     Dezembro:
g.      Atuação nas escolas:
                                                    i.     Máximo duas pessoas para acompanhar um ano em específico, ao longo do ano à distribuir as duplas por ano;
                                                  ii.     Papel do pibidiano na escola e o perfil do projeto (não é estagiário, é bolsista de um projeto com objetivos específicos e metas a serem alcançadas)

10.  Material de formação: programa de leituras à A Cor da Cultura