terça-feira, 29 de abril de 2014

Racismo no futebol

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TEXTO 1
 
"Porque Comparar Negros a Macacos Não Deve Ser Motivo de Piada", texto de autoria de Marcelo Montes Penha, originalmente publicado no blog: cúlti & pópi: Porque Comparar Negros a Macacos Não Deve Ser Motivo de Piada



Ota Benga, Zoológico do Bronx, Nova York em 1906

A foto acima é do pigmeu Ota Benga que ficou em exibição junto a macacos no Zoológico do Bronx, Nova York, em 1906. Ota foi levado do Congo para Nova York e sua exibição em um zoológico americano serviu como um exemplo do quê os cientistas daquela época proclamaram ser uma raça evolucionária inferior ao ser humano. A história do jovem Ota serviu para inflamar as crenças sobre a supremacia ariana defendida por Adolf Hitler. Sua história é contada no documentário “The Human Zoo” (O Zoológico Humano).

 

Comparar os negros a macacos não é nada maneiro. 

 

Assim como aquela velha e infeliz “piada” que pergunta, qual a diferença entre uma lata cheia de merda e um negro?, as piadas que comparam negros a macacos são racistas em sua essência; não são inovadoras, originais ou mesmo inteligentes pois humilham, causam constrangimento, tristeza e mal-humor em várias pessoas, pricipalmente aquelas que sabem o real significado de ser não-branco no Brasil. E a causa desse constrangimento tem uma razão histórica, como veremos.

Hoje vemos no Brasil o comportamento racista contra os negros surgindo de forma não camuflada e assim abalando as bem fracas estruturas do mito nacional da democracia racial. E nestes últimos dias o Brasil testemunhou casos onde negros sofreram humilhação pública, ofensas que utilizaram a figura do macaco dentro de um espaço já tradicionalmente reconhecido como popular, racialmente democrático e diverso: a arena de futebol.

O árbitro de futebol Márcio Chagas da Silva foi mais um alvo de racismo no último dia 5, durante a partida entre Esportivo e Veranópolis, no Estádio Montanha dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, quando ele, na entrada do jogo, foi chamado pela torcida de “macaco”, “imundo”, e “escória”. E mais tarde o árbitro encontrou seu carro amassado e sujo com bananas, inclusive no cano do escapamento, assim reportado pelo Portal Terra.

Um dia depois mais um caso ocorreu, desta vez em São Paulo, como noticiou o jornal Estado de São Paulo:

“Após ser chamado de ‘macaco’ no Estádio Romildo Ferreira, em Mogi Mirim, o volante Arouca repudiou as ofensas racistas que sofreu de torcedores na vitória do Santos por 5 a 2 contra o time da casa. Em nota, o atleta, que fez o terceiro gol da equipe praiana no jogo, classificou como ‘lamentável e inaceitável’ os xingamentos ouvidos na noite da última quinta-feira, em partida válida pelo Campeonato Paulista.”

Esse tipo de ofensa vem ocorrendo em todo o mundo, e aumentou bastante desde que Barak Obama se tornou presidente dos Estados Unidos, tendo ele sido alvo de várias caricaturas humilhantes retratando-o como macaco, e que tiveram o intuito único e absoluto de ofender o primeiro negro a ocupar o cargo de presidente daquele país. Estádios de futebol na Europa também se tornaram palco deste tipo de insulto regularmente.

Entretanto, muita gente não compreende a magnitude e profundidade da utilização da figura do macaco como insulto aos negros, mesmo quando a utilização da figura daquele animal tem como objetivo fazer alguém rir.


Já algum tempo atrás, um humorista fez uma piada onde comparou o King Kong a jogadores de futebol. Entidades e grupos afro-brasileiros repudiaram tal piada e através de um twitter o humorista pergunta porque não se pode chamar um negro de macaco.

Esta postagem não é uma tentativa de explicação do porque não se pode chamar um negro de macaco, mas sim uma explicação do porque não se deve fazer esta comparação, e porque e como a mesma fere profundamente algumas pessoas.


Bem, tudo tem uma raíz histórica.

James Bradley, professor de História da Medicina/Ciência da Vida da University de Melbourne, na Austrália, em seu texto “The ape insult: a short history of a racist idea” (O Macaco Como Insulto: Uma curta história de uma idéia racista), publicado no site The Conversation: Academic rigour, journalistic flair, detalha o uso ofensivo da comparação de descendentes de africanos com o animal macaco. Ele diz que para se “entender a força e o objetivo do uso do macaco como insulto, a gente precisa de uma dose de história”.

Para isso ele retorna ao século 18, momento no qual as teorias da evolução já estavam sendo propostas, e que as teorias de Jean-Baptiste Pierre Antoine de Monet, Chevalier de Lamarck (1744-1829) o tornaram o ancestral das teorias de Darwin. Bradley diz que para Lamarck, a evolução não se deu através da seleção natural no espírito darwiano, mas sim através de uma força vital que levou organismos a se tornarem mais complexos, funcionando em combinação com a influência do ambiente. Segundo Bradley, “nesta visão, os seres humanos não compartilhariam um ancestral em comum com os macacos”, eles seriam na verdade, “os diretos descendentes dos macacos”, e por consequência, os africanos “se tornaram o elo entre os macacos e os europeus”.

A teoria de Lamarck junto às várias outras teorias similares da época, foram vitais para a elaboração do racismo científico—também conhecido como pseudo-ciência, ou falsa ciência. Bradley novamente nos explica que ao fazer parecer que os “não-europeus seriam mais macacos do quê humanos, essas diferentes teorias foram usadas para justificar a escravidão nas Américas e o colonialismo no resto do mundo”. O autor acredita que todas aquelas diferentes teorias científicas e religiosas operaram na mesma direção”, ou seja, “reinforçar a direito europeu de controlar grande parte do mundo”. E esta foi a maneira que os europeus se diferenciaram não só biologicamente mas também “culturalmente”, mantendo sua superioridade sobre os outros povos.

Bradley por fim faz uma importante proposição: “Invocar a imagem do macaco é acessar o poder que levou a desapropriação das populações não-européias e outras heranças do colonialismo”. E interessantemente ao se referir ao contexto australiano, mas que tem uma repercursão também em várias outras partes do mundo, o autor termina seu texto dizendo:

“Claramente, o sistema educacional não faz o suficiente para nos educar sobre a ciência ou a história do homem. Porque se o fizesse, nós veríamos o desaparecimento do uso do macaco como insulto”.


A razão pela qual não se deve comparar negros a macacos, é por esta ser uma simples repetição de uma parte perversa da nossa história, e que por ainda ser o Brasil uma sociedade de imensas desigualdades sociais, essa comparação se torna altamente perigosa. Assim, mesmo enquanto piada, a comparação não é inovadora nem mesmo original ou inteligente, pois usa as idéias obsoletas criadas no século 18 como base para o humor. Estas piadas reinforçam o racismo já estabelecido na nossa sociedade e só servem a um único objetivo: aumentar a aura de falsa superioridade biológica e cultural do branco, aumentando consequentemente, as desigualdades entre a população.

A comparação do negro ao macaco também evoca a crença escavocrata de que os escravos africanos, por serem equivalentes aos animais, não tinham alma.


A equação negro = macaco poderia não ser ofensiva caso esta não tivesse feito parte de uma estratégia engenhosamente construída para legitimar o controle e o domínio sistemático sobre a população africana que durou 4 séculos. Esta equação retirou o caráter humano da população africana e de seus descendentes tranformando-os em seres inferiores. Esta equação não somente justificou o trabalho forçado e não remunerado nas grandes lavouras, mas também dividiu milhões de famílias e transformou milhões de seres humanos em mercadoria que com o respaldo social, legal e científico para a sua inferioridade podiam ser sitematicamente humilhados, torturados, estuprados e assassinados à mercê do humor de seus donos. Comparar negro a macaco é, queira ou não, reviver e venerar um dos mais horríveis e longos episódios da história da humanidade.

Ainda, fica claro que fazer piada sobre um grupo social historicamente fragilizado é fácil, pois quem o fizer receberá o apoio de uma parte da sociedade que tem cravado em seu imaginário coletivo a crença de que os negros gostam de ser humilhados e ofendidos, e que podem ser humilhados e ofendidos por serem inferiores. Todavia, fazer alguém rir sem usar a ofensa, por ser difícil, ainda será uma tarefa a ser realizada somente pelos portadores de real talento humorístico.

 

Piada, humor e comédia em geral, servem para liberar as mais variadas emoções escondidas no ser humano, geralmente criando um senso de bem estar, mas hoje temos um monstro à solta nos estádios de futebol, nos salões de manicure, por aí, nas ruas. Isso nos leva a crer que parte do humor que ataca gratuitamente a ideologia do “politicamente correto”, o faz tão somente como forma de justificar limitações artísticas.


Talvez seja esta uma outra razão pela qual não se deva comparar o negro ao macaco: as pessoas podem acreditar, já que uma população que muito carece de um sistema educacional de qualidade (desde a classe social mais alta até a classe baixa), tende a aprender, acreditar, imitar, tende a se educar através das verdades criadas pelas celebridades do mundo do entretenimento.


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TEXTO 2

"Macaco, o tótem do Brasil", texto de autoria de Bernardo Buarque de Hollanda, publicado originalmente no jornal O Estado de São Paulo

O recente recrudescimento de episódios de racismo no futebol, agora manifestados em clubes da Europa que constituem a vitrine futebolística do mundo, como as equipes multimilionárias da Espanha, parece corresponder a uma reação, consciente ou inconsciente, de segmentos de torcedores extremistas e chauvinistas frente ao ciclo de fortalecimento das relações capitalistas no esporte.
Ligados aos grandes clubes e aos campeonatos europeus de maior visibilidade internacional, esses torcedores manifestam sua hostilidade refratária tendo como alvo principal jogadores de origem negra, mestiça ou estrangeira, oriundos em sua grande maioria da América do Sul, da África e das regiões periféricas que historicamente constituíram as colônias fornecedoras de matéria-prima, mão de obra e mercadorias baratas para a Europa.
A dinâmica contemporânea do capitalismo e os meganegócios do futebol empresarial põem em tela os grandes temas da atualidade. Alguns deles ocupam a agenda política da Comunidade Europeia, tais como a redefinição de suas fronteiras internas, a corrente das migrações populacionais em seu interior e a integração dos grupos étnicos que a ela afluem dos quatro cantos do globo.
Vistas como entraves à plena realização desses ideais que buscam refletir um sistema econômico perfeito, regido por um fluxo de trocas que somente conheceria as supostas leis do mercado, as pugnas racistas, xenofóbicas e neofascistas de determinados grupúsculos de torcedores simbolizariam o polo provinciano, regionalista e tradicionalista de resistência às forças integradoras, modernizadoras e cosmopolitas  do capitalismo no futebol.

Conforme explicita Hobsbawm em um de seus últimos livros publicados em vida, Globalização, Democracia e Terrorismo (2007), esse esporte padeceria de uma espécie de esquizofrenia constitutiva, que se intensifica em princípios do século 21. Para o historiador britânico, tal prática se encontra cindida entre o elemento nacional, derradeiro refúgio das paixões do mundo antigo, e o elemento transnacional, a mais nova face do capitalismo globalizado.
Esse diagnóstico mais geral vem à tona num momento em que tais casos parecem se suceder com frequência, tendo desta vez os jogadores brasileiros como foco recorrente, a exemplo do ocorrido com Daniel Alves e Neymar, no último domingo. Como se sabe, não são situações isoladas. Para recapitular, mencionem-se os urros simiescos da torcida de um clube peruano, país com expressivos contingentes negros em sua população, dirigidos contra o volante Tinga, do Cruzeiro, durante a primeira rodada da Copa Libertadores da América deste ano.
Lembrem-se também os insultos de preconceito lançados contra o atleta Arouca, do Santos, após a partida válida pelo Campeonato Paulista de 2014, no interior de São Paulo. Quase simultaneamente, um árbitro de origem negra teve seu carro depredado, com pencas de banana deixadas sobre o capô do veículo, à saída de uma partida do campeonato gaúcho.
É evidente que não estamos diante de uma novidade. Os incidentes escandalosos poderiam ser encontrados igualmente em exemplos do passado, de modo a se buscar um continuum que se prolongaria até o presente. Cinco anos atrás, em 2009, o jogador Grafite também fora ofendido por um atleta argentino – “negro e macaco” eram as duas categorias acusatórias acionadas por Desábato, como lembra a antropóloga Lilia Moritz Schwarcz – em fato que suscitou enorme atenção da opinião pública à época.
Na América do Sul, tais representações coletivas fazem-se tradicionalmente presentes em confrontos futebolísticos do Brasil contra os países vizinhos. Durante os anos 1920, os brasileiros jogavam os campeonatos sul-americanos na Argentina e no Chile, ocasião em que eram chamados de macaquitos pelos adversários. A referência pejorativa, por sua vez, remontava à Guerra do Paraguai, quando soldados negros, ainda escravos, eram alforriados ao regresso da luta.
Tal fato chegou a indignar o escritor mulato Lima Barreto, conforme relata José Miguel Wisnik, em seu extraordinário livro Veneno Remédio. O autor de Policarpo Quaresma, notório antagonista da prática do futebol no Brasil, revoltou-se com o xingamento ofensivo dos argentinos e chilenos. Para tanto, procurou responder à altura e transformou o estigma em elogio, a vergonha em orgulho, o suposto defeito em qualidade. O procedimento, aliás, é recorrente entre torcidas de futebol, que valoram positivamente os símbolos do porco, do gambá, do urubu e da favela, convertendo o negativo em positivo, na autoidentificação com o seu clube do coração.
No artigo Macaquitos, publicado na revista Careta a 23 de outubro de 1920, Lima Barreto propôs a adoção do macaco como o verdadeiro totem nacional. Da mesma maneira que o galo para a França, o urso para a Rússia, a águia para a Alemanha, o leão para a Bélgica e o leopardo para a Inglaterra, o macaco passaria a ser a identificação totêmica do brasileiro, haja vista se tratar de um animal inteligente, frugívoro – adicto, em especial, da banana – e parente próximo do homem, segundo, em tom irônico, advertia Barreto.
O modo pelo qual Lima Barreto reagiu à ofensa da imprensa argentina contra os atletas da seleção brasileira no início dos campeonatos sul-americanos de quase cem anos atrás nos remete ao mais recente ato de discriminação no futebol. O escândalo midiático ocorreu no dia 27 de abril, quando um torcedor do clube espanhol Villareal arremessou uma banana na direção do jogador brasileiro Daniel Alves, que atua no Barcelona como lateral direito.
O ato irônico do jogador, ao pegar a banana atirada no gramado, descascá-la, comê-la em frente ao público e escarnecer do torcedor prorrompeu no Brasil em uma cadeia de reações prós e contra sua atitude. A repercussão não tardou a agitar as redes sociais, com apropriações vindas a reboque, quer seja a campanha publicitária idealizada pelos agentes de Neymar, quer seja a grife lançada por um apresentador de tevê global.
Em contrapartida à provável espontaneidade de Daniel no gramado, o que sucedeu na sua esteira parece ter um caráter menos espontâneo, condicionado pelas estratégias do marketing virtual e da administração da imagem de personagens públicas em torno do “politicamente correto”.
Nesse caso, no entanto, os marqueteiros invadem um terreno minado e vão de encontro a um dos debates que é também uma das feridas mais caras ao brasileiro. Ela diz respeito à integração do negro numa sociedade de classes, para remeter à expressão de Florestan Fernandes, e à mentalidade senhorial de que falava Joaquim Nabuco, que não terminava com o fim da escravidão.
Enquanto jogadores, celebridades e personalidades da mídia se solidarizam com a publicidade lançada pelo astro brasileiro da equipe catalã, militantes dos movimentos negros questionam a adoção espalhafatosa da banana e do macaco como símbolos antirracistas.
Isso chama a atenção porque, curiosamente, as manifestações contra a discriminação racial são encampadas por personagens sem nenhum vínculo histórico de luta contra o racismo no Brasil. Os repentinos entusiastas da igualdade racial parecem surfar na maré montante do que gera notícia rápida e rasteira, ainda que seus fins pareçam ser nobres e altruísticos: a abolição universal de todos os tipos de preconceito.
Polêmicas à parte, à esquerda e à direita, merece ser apontada uma diferença concreta de tratamento, capaz de exemplificar o modus operandi do assim chamado “racismo à brasileira”. Ele pode ser observado na maneira diferenciada como o caso Daniel Alves foi tratado no Brasil e na Espanha.
Se o repúdio à ofensa ocorreu tanto lá quanto cá, é curioso que a punição dada ao torcedor do Villarreal pelo próprio clube tenha sido implacável.
No dia seguinte ao jogo, o arremessador da banana foi identificado. Logo em seguida, a diretoria do clube espanhol anunciou o cancelamento de sua carteira de sócio, optou por suspender seu carnê de entrada no estádio El Madrigal e proclamou o banimento em definitivo do jovem torcedor. Ele nunca mais poderá frequentar os jogos do time em sua cidade.
Além da penalização cabal do clube, o torcedor foi também preso de imediato pela polícia local, sendo instado a depor e responder por desacato ao código penal do país. Já no Brasil, a campanha pedagógico-comercial roubou a cena, por assim dizer. Ela adquiriu poses festivas na suposta conscientização contra a discriminação. Sendo assim, não houve mobilização dos líderes da campanha para atuar em cima de situações concretas.
Embora aqui, como na Espanha, haja uma legislação que criminaliza a prática de racismo, ninguém se dispôs a ir à busca de punições exemplares para os racistas que frequentam os estádios brasileiros.
Apesar de toda a mobilização da imprensa no início do ano, nenhum torcedor que ofendeu o jogador santista Arouca foi afinal localizado. As ações da polícia e dos dirigentes dos clubes responsáveis foram tímidas e caíram no esquecimento. Da mesma forma, os agressores do árbitro Mário Chagas, que depredaram seu carro e o hostilizaram, tampouco foram punidos e o juiz resolveu encerrar prematuramente sua carreira.
Nesse cenário de impunidade, as boas intenções expressas pelos que aparecem na moda da mídia convivem com ações pouco eficazes quando se trata de aplicar a lei e cobrar das autoridades uma mudança de postura, com atitudes e respostas enérgicas. Ao mesmo tempo indignados e tolerantes com o racismo, os brasileiros cultivam a sensação de que ninguém é preconceituoso em seu país. Continuam assim, mesmo sem o querer, a conviver ambiguamente com suas práticas, dentro e fora de campo.

 

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TEXTO3

"Por que os internautas rejeitaram a campanha das bananas", texto de autoria de Marcelo Träsel, jornalista e professor de comunicação digital na Famecos/PUCRS, publicado originalmente no jornal Zero Hora

Nas redes sociais, acontece muito de as pessoas atravessarem a rua para escorregar na casca de banana que está do outro lado. Foi o caso de Luciano Huck, quando decidiu dar sua contribuição para o repúdio ao ato racista sofrido pelo brasileiro Daniel Alves na Espanha – uma banana foi lançada no campo e o jogador de futebol, que é negro, a Nas redes sociais, acontece muito de as pessoas atravessarem a rua para escorregar na casca de banana que está do outro lado. Foi o caso de Luciano Huck, quando decidiu dar sua contribuição para o repúdio ao ato racista sofrido pelo brasileiro Daniel Alves na Espanha – uma banana foi lançada no campo e o jogador de futebol, que é negro, a comeu. Todavia, o apresentador da Globo resolveu atravessar a rua proverbial e lançar uma camiseta estampada com a palavra-de-ordem e uma releitura da banana gravada por Andy Warhol para uma capa de disco do Velvet Underground. A camiseta custava R$ 70, e Huck passou, assim, a fazer companhia à agência Loducca como alvo de acusações de oportunismo nas redes sociais da Internet. Huck passou até mesmo a sofrer ofensas ligando sua suposta ganância ao fato de ser judeu. (Faça aqui uma pausa na leitura para contemplar o ridículo do acontecido: Huck sofreu discriminação religiosa por parte de pessoas que, em tese, estavam defendendo a autenticidade da luta contra o racismo.) No fim das contas, o necessário e saudável debate sobre o racismo que permeia o futebol e todos os âmbitos da sociedade brasileira deu lugar a um bate-boca pedestre sobre a colonização das redes sociais na Internet pelo capital. Em menos de 12 horas, a campanha #somostodosmacacos gorou, devido à percepção de que seu enunciado não tinha origem na essência de Neymar como ser político, mas numa estratégia calculada por alquimistas da comunicação. Por outro lado, muitos participantes do movimento negro criticaram o slogan por reforçar estereótipos – até mesmo Daniel Alves, estopim da campanha, reprovou a escolha de palavras. Uma das principais ferramentas de linguagem nas redes sociais da Internet são os memes, isto é, uma ideia, estilo ou ação que se dissemina no ciberespaço como um gene se espalha entre uma população no ambiente natural. Um meme pode ser uma frase, uma imagem, um hyperlink ou uma palavra-chave. Quando um meme se torna especialmente virulento, ou seja, ganha a capacidade de se propagar como uma epidemia, ele é chamado de “viral”. Tornar-se um viral é o principal objetivo, declarado ou não, das campanhas publicitárias em redes sociais. Mas a revelação de um viral como peça publicitária neutraliza sua capacidade de reprodução. Por isso, eles normalmente são assinados por seus criadores somente após atingirem o ápice da meia-vida. A reação negativa ao meme #somostodosmacacos parece derivar do fato de ele ter sido interpretado, inicialmente, como um viral espontâneo. Ao descobrirem que se tratava de uma campanha publicitária, calculada, alguns participantes das redes sociais podem ter sentido algo como aquele gosto amargo deixado por edulcorantes artificiais na boca após terminar o cafezinho. Nós queremos fazer campanha contra o racismo, mas queremos fazê-lo de forma espontânea, sem a sensação de estarmos sendo manipulados por forças ocultas. Esse dado jogou todas as manifestações de celebridades a respeito do racismo sofrido por Daniel Alves no campo do oportunismo, fossem elas oportunistas ou autênticas. E daí Huck decidiu dar o passo além, atravessar a rua e materializar o meme numa camiseta. A atitude foi interpretada como uma prova incontestável do oportunismo das ações englobadas pela hashtag #somostodosmacacos, e o debate público se desviou do racismo para a mercantilização da Internet. Do ponto de vista dos efeitos sociais, não há muita diferença entre uma mensagem ser originada numa agência de publicidade, na sede duma ONG ou no computador do Zezinho. Se a mensagem estiver alinhada aos ideais democráticos e fomentar o debate na esfera pública, ótimo! Qualquer passo adiante é bem-vindo em questões como o racismo. Mas do ponto de vista das estruturas sociais, todavia, a substituição da autenticidade do ser político individual pelo calculismo do aparato de relações públicas pode vir a deteriorar as próprias formas de interação das quais a esfera pública depende. Neste sentido, a constante tentativa de agências de publicidade de criarem virais pode gerar uma resposta excessiva dos sistemas de defesa cognitivos dos cidadãos, que podem desenvolver um quadro de alergia às mensagens circulantes na Internet. A constante frustração das expectativas pela descoberta de que um meme é uma tentativa comercialmente orquestrada de dirigir a esfera pública pode levar muitos cidadãos a desistirem de participar de qualquer debate.

8ª REUNIÃO DE FORMAÇÃO (29/04/2014)

Serviço:
Autoria do texto: equipe Subprojeto História (PIBID/UEG/Goiás)
Relações públicas e secretariado de abril: Jéssica Regina Soares e Késia Cordeiro de Faria
Revisão textual: Euzebio Carvalho


Relato:

No dia  29 de Abril, no período da manhã, fomos dar continuidade ao nosso projeto do PIBID, no colégio Albion. Cada dupla ou grupo se dirigia a sua sala no momento estipulado. 

"Após sairmos da sala, nos reunimos na biblioteca da escola onde nos foi passado um problema ocorrido na escola, onde uma aluna se sentiu ofendida em sua diferença. Pensamos em uma forma de intervir nessa situação. [...]  E que fosse realizado posteriormente em evento no colégio para tratar das diferenças existentes em nossa sociedade, principalmente do cabelo que faz parte da nossa identidade. Também fizemos uma pesquisa buscando imagens de celebridades, com cabelos afro, para mostrar aos alunos e alunas que não precisamos seguir os padrões que a sociedade nos impõe", relatou uma bolsista em seu Diário de Campo (MACHADO, 2014, p.22).

Às 14:00 horas, nos reunimos na UEG. Começamos comentando sobre a reunião passada. O professor Euzebio estava curioso para saber como foi nosso desempenho em sua ausência. A supervisora do subprojeto, a profa. Maria Cristina, supervisora do projeto  "elogiou todo o grupo pelo bom trabalho que estamos realizando na escola", registrou outro pibidiano (MOTA JÚNIOR, 2014, p.21). 

Ela nos relatou uma situação que teria acontecido no dia anterior. No plantão escolar, uma criança teria sido vítima de discriminação, por ter o cabelo crespo. Diante dessa situação, decidimos que seria necessário planejar uma ação pontual do grupo no Colégio. Começamos a planejar então várias intervenções para discutir a questão da diversidade étnico-racial, a partir dos cabelos e da forma como nos relacionamos com o nosso corpo. O objetivo principal da ação foi desenvolver entre as crianças e jovens, o respeito aos diferentes tipos de cabelos. Para isso, é necessário problematizar os padrões hegemônicos de beleza que são construídos nos meios de comunicação. Queríamos também apresentar aos alunos e alunas outras alternativas fáceis e baratas para cuidar do cabelo e achá-lo atraente, sem precisar alisá-lo. 

A professora Lídia, que também estava presente na reunião, disponibilizou-se a contribuir com o trabalho por meio de uma palestra onde falaria de suas experiências no trato de seu cabelo. Dessa forma, para a próxima terça, planejamos trabalhar a música Respeitem meus cabelos,  Brancos, de autoria de Chico César. Esse cantor negro paraibano, fez muito sucesso na década de 90. Atualmente é secretário da cultura em seu estado natal.

Depois de ouvirmos a música, passamos a discutir os procedimentos metodológicos para o uso de música na sala de aula. O primeiro passo é considerar as características elementares da linguagem musical. Depois, discutimos a letra e analisamos os sentidos construídos. 

Ao final da reunião, discutimos sobre o fato ocorrido com Daniel Alves, jogador do Barcelona e da Seleção Brasileira, em que sofreu um ataque racista durante um jogo. Um homem jogou no campo, próximo a ele, uma banana. Irritado, o jogador pegou a banana e comeu. Discutimos a respeito da sua atitude, bem como da repercussão nas redes sociais. O grupo decidiu se posicionar a respeito e divulgou uma foto com a hashtag #bananapraracistacomer em oposição àquela que foi circulada por várias celebridades brasileiras #somostodosmacacos.


Equipe do Subprojeto História (PIBID/UEG/Goiás)





Frequência nas atividades:
Nayara faltou às atividades dos dois períodos


terça-feira, 22 de abril de 2014

7ª REUNIÃO DE FORMAÇÃO (22/04/2014)

Serviço:
 
Autoria do texto: equipe Subprojeto História (PIBID/UEG/Goiás)
Relações públicas e secretariado de abril: Jéssica Regina Soares e Késia Cordeiro de Faria
Revisão textual: Euzebio Carvalho







 
Relato:

No dia  22 de Abril, às 07:00 horas da manhã, fomos para a escola Albion. Não tivemos a presença do professor Euzébio, pois estava participando em reunião do GT de EStágio, na PrG/UEG, em Anápolis.

Nesse dia, fomos acompanhados somente pela  professora Maria Cristina. Foi uma experiência boa e tranquila. 

As 14:00 horas, participamos da Reunião de formação na UEG. Tivemos a boa surpresa da presença da Lídia participando pela primeira vez da reunião e contribuindo muito com o nosso aprendizado. 

Fizemos uma breve avaliação das atividades realizadas na escola no período matutino. Ouvimos alguns relatos de experiências em sala de aula dos pibidianos. A professora Maria Cristina e alguns bolsistas expressaram dificuldades com relação ao manuseio do blog.

No encontro, foi trabalhado o "Porque ensinar relações étnico-raciais e história da africa nas salas de aula?", de autoria de , originalmente publicado no blog Ensaios de Gênero.
Durante a leitura e discussão do texto foram abordadas as seguintes questões: 
  • Várias leis foram criadas para tentar corrigir erros passados;
  • As leis racistas no Brasil: lei que proibia pessoas com doenças contagiosas, moléstias, pretos ou escravos forros de frequentar a escola.
  • Historicamente, a sociedade brasileira se construiu racista. É obrigatório o ensino das culturas afro-brasileiras e indígenas. Entretanto, não há uma matéria especifica nas escolas para este ensino
Trabalho produtivo que levou também a pensar a respeito das cotas, todo o preconceito envolvido no assunto, suas vantagens e desvantagens e também sobre as riquezas culturais do Brasil que estão relacionadas a Africa. 



Frequência nas atividades:

No período matutino, estiveram presentes Késia, Jessica, Letícia, Jaqueline, Wariane, Nayara. Estiveram presentes no período vespertino: Késia, Jessica, Letícia, Jaqueline, Mauro, Nayara e Wariane. O Mauro faltou apenas às atividades da manhã. Maria Elisa e Fábio não estiveram presentes durante todo o dia, mas justificaram sua ausência.

terça-feira, 15 de abril de 2014

6ª REUNIÃO DE FORMAÇÃO (15/04/2014)

Serviço:

Autoria do texto: equipe PIBID, Subprojeto História
Relações públicas e secretariado de abril: Jéssica Regina Soares e Késia Cordeiro de Faria
Revisão textual: Euzebio Carvalho


Relato:

Na manhã de terça-feira, dia 15 de abril de 2014, reunimo-nos na UEG para mais uma reunião do PIBID. Não fomos a escola Albion pois não houve aula. Na ocasião, a escola estava participando da caminhada da paz.

Às nove horas, foi dado inicio a nossa reunião na UEG. Dialogamos sobre as atividades publicadas no blog; sobre a alteração que foi feita nas camisetas que usaremos para nossa identificação. Entretanto, a nossa pauta principal foi o estudo da lei 12.288/2010, Estatuto da Igualdade Racial.  Aprendemos que o objetivo dessa lei é reconhecer que a desigualdade deve ser abordada em diferentes níveis de governo. Com a lei, o Estado brasileiro assume que o motivo do racismo decorre de atos antigos, como a escravidão que só desfavorece os negros. O racismo vem de longa duração e volta-se para algumas características étnicas e fenotípicas, como o tipo de cabelo, a cor da pele, o formato da boca, nariz, entre outras.

Também discutimos o uso das palavras: igualdade (como sendo o combate aos privilégios de classe e de nascimento) e equidade (direito à saúde, ao trabalho, à educação etc). Assim, nas palavras de um dos bolsistas: "Equidade é uma palavra mais correta a ser usada para definir e [se] referir à luta pelos direitos. Significa que não somos iguais, mas temos os mesmos direitos" (OLIVEIRA, 2014, p. 17) Entretanto, também colocamos em questão a importância das diferenças, pois elas que exaltam a cultura e os costumes de um indivíduo.




Em certo momento, o professor compartilhou, via bluetooth, pelo celular, o vídeo musical Gritaram-me negra de Vitória Santa Cruz, uma artista peruana que dos 5 para 7 anos foi alvo de uma prática racista: fora chamada de negra, de forma agressiva. Esse primeiro contato com o racismo a deixou traumatizada. A partir daí, ela passa a renegar a sua cor e sua raça. Acha sua cor e seu cabelo feio. Passa a usar pó no rosto a fim de clareá-lo. Entretanto, após desenvolver sua consciência étnico-racial, assume-se como mulher negra. Ao aceitar sua cor, seu cabelo, ela vê que essas são suas características e que pode exaltar a sua beleza, a partir delas. 

Nesse momento, um dos bolsistas relatou um fato que dialoga com a situação assistida no vídeo. Duas mulheres conversavam. Uma disse à outra, a certa altura da conversa: "porque eu sou negra"... a outra mulher olhou para ela e, numa atitude condolente, disse: "não diga isso sobre você".


Também foi comentado a respeito de doenças que são específicas da população negra; que os atendimentos no Sistema Único de Saúde são preferenciais aos brancos e que por isso, deve existir incentivos do governo em forma de projetos voltados para a população negra.

O racismo provoca a exclusão social. Por isso, é importante proteger a juventude negra, por meio de politicas voltadas para a socialização e para a sua educação.

Outra questão abordada foi a religiosa. Discutimos que todas as religiões tem o direito de obter o seu espaço e que nenhuma se considere superior a outra. Segundo a lei 12.288/2010, as questões religiosas não podem interferir no emprego. Cada um tem o direito de praticar a sua religião e o empregador não pode privilegiar certa raça ou etnia.

Nesse dia, nosso lanche da tarde foi a pipoca. Na semana anterior, o professor pediu as bolsistas Jaqueline e Jéssica para pesquisarem sobre o uso da pipoca nos cultos afro-brasileiros. Depois de apresentar algumas informações sobre esse alimento ameríndio, elas argumentaram que não encontraram nenhuma informação sobre a relação da pipoca com a história e cultura afro-brasileira. O professor fez uma breve explicação. Os bolsistas ficaram surpresos com a informação.
As pipocas, ou melhor, deburu, são as oferendas predilectas do orixá Omolú; um deus poderoso, guerreiro, caçador, destruidor e implacável, mas que se torna tranquilo quando recebe sua oferenda preferida (Confira texto na íntegra)  Deburu - é a comida ritual dos Orixás Obaluaiyê e Omolu, é o milho de pipoca estourado em uma panela, em alguns lugares com óleo, em outros com areia. Nesse último caso, é preciso peneirar a areia dessa pipoca depois de pronta. Ao final, a pipoca colocada em um alguidar (vasilha de barro) e enfeitado com pedacinhos de coco (Confira texto na íntegra).
Em seu trabalho sobre as comidas e a religiosidade afro-brasileira, Pedro Henrique Ribeiro afirma:
Apesar da necessidade de permutas dos alimentos votivos para os diversos cultos dos Candomblés brasileiros, é observado que vários elementos utilizados nas oferendas são de fato originários das terras africanas. Entretanto, encontram-se também elementos nativos americanos, como a inclusão do milho nas comidas de Oxossi, Iemanjá, Omulú ou Xapanã que também gosta de pipocas, o feijão para Oxum, o fumo no culto de Irocô, e farinha de mandioca no amalá de Iansã. Serão conquistas brasileiras e não fidelidades sudanesas no cardápio dos orixás. 


Por fim, surgiu a ideia da criação de um único projeto (oficina) para ser desenvolvido na escola Albion e também nas cidades dos bolsistas do PIBID, principalmente por aqueles que atuam no projeto Mais Educação. Nele, trataríamos de algum aspecto das questões afro-brasileiras que será discutido futuramente.





Frequência nas atividades:

Nayara não esteve presente nas atividades do dia. Maria Cristina participou do encontro no período vespertino.


domingo, 13 de abril de 2014

Questionário: como a escola aborda o racismo?

Uma proposta de educação de direitos humanos

Publicado originalmente no blog A Cor da Cultura 



No início do ano letivo, cada professor/a deve fazer uma "lista de desejos" que inclua suas propostas de como poderá ajudar a mudar o mundo, entendendo que é instituído a este trabalho a disseminação do saber e do conhecimento que são ingredientes necessários para a construção e garantia da Paz, da valorização da Diversidade, da efetivação da Igualdade e pelo respeito aos Direitos de cada pessoa que está na escola. Sabemos que os pais, o poder públicos e toda a sociedade também tem responsabilidades na garantia deste trabalho, mas a sociedade cobra da escola o papel de indutor de um posicionamento mais firme no exercício de garantia dos direitos e deveres, formando em grande escala cidadãos e cidadãs conscientes, responsáveis e que respeitem os Direitos e a Diversidade. 

Aliado a este propósito, o Projeto a Cor da Cultura apresenta um questionário para debatermos os nossos posicionamentos e os nossos questionamentos sobre questões de como tratamos as diferenças, a diversidade, o racismo, a discriminação, o sexismo e as violações de direitos humanos no nosso cotidiano e no espaço escolar. 

Nosso objetivo com este questionário é debater sobre as diversas discriminações existentes no ambiente escolar, pensarmos formas de proteção e integração dos/das alunos/as que são discriminados/as, promover mudanças de posturas de alunos/as que oprimem ou discriminam colegas, além de avaliarmos as dificuldades e desafios que estão colocados para professores/as e sociedade de maneira geral de forma a construirmos um ambiente escolar livre de preconceitos.

 

Adaptadas do modelo da CMEB Mário Leal da Silva, as perguntas abaixo auxiliam você a fazer um diagnóstico, junto aos professores e à equipe, de como as questões raciais são tratadas na sua instituição. 

Assinale a alternativa que corresponde à realidade do seu ambiente escolar

1. A trajetória histórica do negro é estudada: 
A- No Dia da Abolição da Escravatura, em agosto, mês do folclore, e no Dia da Consciência Negra.
B- Como conteúdo, nas várias áreas que possibilitam tratar o assunto.
C- Não é estudada. 

2. Acredita-se que o racismo deve ser tratado: 
A- Pedagogicamente pela escola. 
B- Pelos movimentos sociais. 
C- Quando acontecer algum caso evidente na escola. 

3. A cultura negra é estudada: 
A- Como parte do rico folclore do Brasil. 
B- Como um instrumento da prática pedagógica. 
C- Quando é assunto da mídia. 

4. O currículo: 
A- Baseia-se nas contribuições das culturas europeias representadas nos livros didáticos. 
B- Constrói-se baseado em metodologia que trata positivamente a diversidade racial, visualizando e estudando as verdadeiras contribuições de todos os povos. 
C- Procura apresentar aos alunos informações sobre os indígenas e negros brasileiros. 

5. O professor: 
A- Posiciona-se de forma neutra quanto às questões sociais. É o transmissor de conteúdos dos livros didáticos e manuais pedagógicos. 
B- Reavalia sua prática refletindo sobre valores e conceitos que traz introjetados sobre o povo negro e sua cultura, repensando suas ações cotidianas. 
C- Tem procurado investir em sua formação quanto às questões raciais. 

6. O trato das questões raciais: 
A- É feito de forma generalizada, pois a escola não tem possibilidade de incidir muito sobre ele. 
B- É contextualizado na realidade do aluno, levando-o a fazer uma análise crítica dessa realidade, a fim de conhecê-la melhor, e comprometendo-se com sua transformação. 
C- Não é considerado assunto para a escola. 

7. As diferenças entre grupos etnoculturais: 
A- Não são tratadas, pois podem levar a conflitos. 
B- Servem como reflexão para rever posturas etnocêntricas e comparações hierarquizantes. 
C- São mostradas como diversidade cultural brasileira. 

8. As situações de desigualdade e discriminação presentes na sociedade são: 
A- Pontos para reflexão para todos os alunos. 
B- Pontos para reflexão para os alunos discriminados. 
C- Instrumentos pedagógicos para a conscientização dos alunos quanto à luta contra todas as formas de injustiça social. 

9. Acredita-se que, para fortalecer o relacionamento, a aceitação da diversidade étnica e o respeito, a escola deve: 
A- Promover o orgulho ao pertencimento racial de seus alunos. 
B- Procurar não dar atenção para as visões estereotipadas sobre o negro nos livros, nas produções e nos textos do material didático. 
C- Promover maior conhecimento sobre as heranças culturais brasileiras. 

10. Quanto à expressão verbal: 
A- Acredita-se que a linguagem usada no cotidiano escolar tem o poder de influir nas questões de racismo e discriminação. 
B- Usam-se eufemismos para se referir a etnia dos alunos, para não ofendê-los. 
C- A linguagem não tem influência direta nas questões raciais. 

11. Quanto ao trabalho escolar: 
A- Alguns professores falam da questão racial em determinadas etapas do ano letivo. 
B- Existe resistência dos professores para tratar a questão racial com relação à luta contra todas as formas de injustiça social. 
C- Existe um trabalho coletivo sobre a questão racial com a participação de todos, inclusive da direção e dos funcionários. 

12. Quanto à biblioteca: 
A- Existem muitos e variados livros sobre a questão racial que contemplam alunos e professores. 
B- Existem alguns tipos de livros (dois ou três) que contemplam a questão racial. 
C- Não existem livros sobre o tema. 

13. Quanto à capacidade dos professores sobre a questão racial: 
A- Algumas vezes no ano fazemos cursos ou grupos de estudo sobre a questão racial. 
B- Ainda não tivemos a oportunidade de estudar a questão. 
C- Procuramos incorporar o assunto nas discussões de reuniões pedagógicas, grupos de estudo e momentos de formação. 

14. No trato das questões de gênero: 
A- A homossexualidade é percebida e discutida no espaço escolar. 
B- Há um trabalho efetivo de combate à homossexualidade na escola. 
C- Não se considera a homossexualidade um assunto a ser discutido na escola. 

15. As discussões sobre a questão da mulher: 
A- Não se discute com os alunos a história da discriminação das mulheres na sociedade. 
B- A situação feminina é tratada em momentos pontuais, como no Dia Internacional da Mulher. 
C- A questão da mulher é amplamente discutida e incorporada aos conteúdos curriculares. 

16. Quanto à abordagem sobre populações indígenas: 
A- A temática é tratada considerando as informações de livros didáticos e no Dia do Índio. 
B- Existe resistência dos professores para trabalhar criticamente essa temática. 
C- A escola procura romper com os estereótipos que inferiorizam a cultura destes povos. 


 Gabarito 

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Resultado

Até 06 pontos 
1- Fase da individualidade A questão racial ainda é tabu na escola, que se mantém silenciosa quando o assunto é discriminação. A diversidade étnica é desconsiderada, mesmo que tenha muitos alunos de diferentes origens em sua escola. Enquanto isso, as crianças perdem a oportunidade de formar valores essenciais para uma convivência harmônica em sociedade. Que pena. 

De 07 a 18 pontos
2- Fase da negação Embora a maioria dos professores negue a existência do racismo na sociedade e no ambiente escolar, o assunto começa a ser discutido na sua escola. No currículo, a cultura negra é considerada folclore e a história do povo negro não é exemplo de luta pela cidadania. Na tentativa de amenizar a situação, alguns professores apenas comentam a questão no Dia da Abolição da Escravatura e no Dia da Consciência Negra, não é mesmo? 

De 19 a 24 pontos 
3- Fase do reconhecimento Muito bem! Sua escola está no caminho correto, pois reconhece a necessidade urgente de transformar o ambiente em um espaço de luta contra o racismo e a discriminação. Os alunos aprenderam conceitos sobre os diferentes grupos presentes na sociedade e a realidade de cada um é reconhecida e trabalhada. Continue a enfrentar esse belo desafio. 

26 pontos ou mais 
4- Fase do avanço Parabéns! Sua escola progrediu bastante para construir-se verdadeiramente democrática. Visualiza com dignidade os diversos grupos étnicos e usa suas contribuições como ferramentas pedagógicas no trato da diversidade. Certamente, os alunos negros de sua escola têm a autoestima elevada e orgulho de sua origem. Todos os alunos reconhecem a necessidade de respeitar as diferenças e sabem que elas não significam superioridade nem inferioridade 


terça-feira, 8 de abril de 2014

5ª REUNIÃO DE FORMAÇÃO (08/04/2014)

Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Martin Luther King Jr. Trecho do discurso I have a dream (28 de agosto de 1963)


Serviço:

Autoria do texto: equipe PIBID, Subprojeto História
Relações públicas e secretariado de abril: Jéssica Regina Soares e Késia Cordeiro de Faria
Revisão textual: Euzebio Carvalho


Relato:

No dia 08 do mês de abril de 2014, ocorreu a segunda ação do subprojeto CAPES/PIBID: "Educação das relações étnico-raciais: as africanidades brasileiras na sala de aula"', na escola-campo Dr. Albion. 

Nesse dia, aconteceu nosso primeiro trabalho em sala de aula, quando entramos pela primeira vez na sala. Segundo a distribuição que havíamos feito, cada dupla/trio ficou encarregado de acompanhar as aulas de história de um ano específico.

Letícia & Késia - 6º ano 
Jéssica & Mauro - 7º ano 
Jaqueline, Maria Elisa & Nayara - 8º ano 
Wariane e Fábio - 9º ano

As bolsistas Letícia e Késia ficaram no 6º ano; Jéssica e Mauro, no 7º; Maria Elisa, Jaqueline e Nayara, no 8º ano e Fábio e Wariane, no 9º ano.

Como foi previamente combinado, preparamos o conteúdo relativo à história e cultura afro-brasileira e africana para a apresentação nas aulas de história. Depois de finalizada a sua participação na aula, cada grupo reuniu-se na biblioteca para planejar o que seria trabalhado nas aulas de história da próxima semana. Esse momento foi tranquilo e produtivo.

Às 14 horas, encontramo-nos na UEG para a reunião do Coletivo de Estudo e Pesquisa. Na ocasião, assistimos ao episódio 02: "Religiosidade Africana na Educação", do programa "Nota 10". Ao assistir ao episódio, ficou claro para nós a importância da religiosidade de matriz africana para a preservação dos valores, práticas e história da cultura afro-brasileira.  

A religião e a língua constitui-se como uma estrutura para qualquer cultura. "Ela influencia no processo de formação da identidade de um indivíduo" (OLIVEIRA, 2014, p.14). As religiões de matriz africana são partes indissociáveis da cultura brasileira: estão presentes nas músicas, filmes, palavras, comidas, roupas e em vários outros aspectos de nossa cultura nacional

Discutimos a importância de se combater as práticas proselitistas (quando uma pessoa faz propaganda objetivando tentar converter outra pessoa à sua religião).

Com a Constituição da Republica, os brasileiros conquistam a liberdade de Culto. A partir daí, o Brasil se tornou, em tese, um país laico. Entretanto, em 1890, era proibido o espiritismo, magia e seus sortilégios. Os terreiros eram fechados e objetos de cultos eram aprendidos todas essas atitudes respaldadas pela lei em vigor. Nessa época, os terreiros de candomblé e demais casas de culto afro-brasileiros teriam de ter autorização policial para funcionar, além de uma bandeira branca afixada sobre seu telhado para a sua identificação.

Em 1988, a Constituição Brasileira garantiu a liberdade de expressão individual e de profissão de fé. Não é de hoje que os adeptos das religiões não hegemônicas (a religiosidade hegemônica entre nós é aquela de matriz judaico-cristã) são vítimas de preconceito e discriminação, inclusive, em seus espaços de trabalho. Dessa forma, as religiões como a umbanda e o candomblé, religiões com matrizes afro-brasileiras, também sofrem as consequências do racismo.
                           
Por fim, a educação religiosa na sala de aula só tem sentido se trazer respeito aos diferentes tipos de credos e promover o respeito à diversidade cultural, sem enfatizar nenhuma preferência, tanto religiosa e cultural quanto histórica.

Nesse dia o coordenador chamou a atenção de todos para a necessidade de se cumprir o horário de chegada na escola-campo.


Frequência nas atividades:

A bolsista Wariane faltou às atividades da manhã. À tarde, estiveram todos presentes.