terça-feira, 25 de março de 2014

3ª REUNIÃO DE FORMAÇÃO (25/03/2014): relato dos trabalhos

"Por favor, entendam o meu escurecimento. Abandonei a convicta e confortável clareza das coisas"

Cristiane Sobral
Serviço:
Autoria do texto: equipe PIBID, Subprojeto História
Relações públicas e secretariado de abril: Jéssica Regina Soares e Késia Cordeiro de Faria
Revisão textual: Euzebio Carvalho

Relato:
Na reunião da tarde do dia  25/03/2014, tratamos dos seguintes pontos:

Imagem para a camiseta do projeto
Retomamos a discussão acerca da confecção de uma camiseta para o grupo. Maria Elisa apresentou uma imagem que foi escolhida pela maioria para figurar na nossa camiseta.


Discutimos as atividades que serão realizadas  em nossa primeira visita à escola-campo, na próxima semana. Os objetivos gerais do momento são conhecer os espaços da escola e os profissionais que lá trabalham. 


Ao mesmo tempo, seremos conhecidos por toda a comunidade escolar, entre funcionários, professores, alunos e gestores. Como resultado da visita, faremos uma postagem coletiva no blog apresentando a escola. Combinamos o horário e local de encontro da turma para ir à escola.


Encaminhou-se o pedido de senha da internet sem fio para os bolsistas, por parte da diretora da escola-campo;


Definimos o prazo final para realização das atividades do primeiro mês (até dia 05/04);


Nessa tarde, fizemos a apresentação do grupo do PIBID aos representantes da unidade (Direção, por meio da participação da secretária da direção, Patrícia; da participação da representante da Secretaria; da Biblioteca e dos Serviços Gerais, dona Geni)


Discutimos o papel da mídia e das representações midiáticas reforçarem a discriminação e o racismo. A profa Maria Cristina citou uma música de Tião Carreiro & Pardinho que conta sobre a submissão de um homem negro à família de seu empregador fazendeiro. Citamos o caso do jogador de futebol Tinga que foi alvo de racismo em jogo no Chile;


Discutimos também que algumas palavras reforçam a discriminação étnico-racial e cultural, como por exemplo, as palavras "judiar", "denegrir", "mulatas" entre outras;


Problematizamos algumas ideias que devem ser entendidas em seu processo de reforçar a discriminação, como por exemplo, afirmar que "os próprios negros não se aceitam como negros". Essa frase é problemática pois individualiza atitudes que são histórica, social e culturalmente construídas. Portanto não podem ser pensadas na chave pessoal, mas processual da construção de processos educativos. Numa sociedade em que inexiste referenciais positivos da história e cultura afro-brasileira; uma sociedade que não valoriza, não reconhece e não respeita as diferenças culturais (e físicas) dos indivíduos que a constituem não são valorizadas, como esperar que esses indivíduos construam sua identidade na diferença? Socialmente, percebemos que as características físicas, estéticas, religiosas e culturais das pessoas negras não são valorizadas. Assim, como responsabilizar individualmente as pessoas por isso?
Roda de capoeira


Tratamos de várias situações que demonstram as práticas racistas em nossa sociedade. Uma bolsista disse que quando praticava capoeira, ouvia constantemente que "aquilo era coisa do demônio". Outra pessoa relatou que a sociedade local tinha grande resistência a cor da santa (Nossa Senhora Aparecida). Não queriam aceitar que ela fosse pintada de preta. Nesse momento, lembramos do impacto de algumas representações cinematográficas que trazem Deus e Jesus como negros. É o caso do filme "Todo Poderoso" e "O Auto da Compadecida". Uma outra bolsista relatou um fato que aconteceu na escola em que trabalha como bolsista do programa "Mais Educação". Ela nos disse que, ao entrar em determinada sala, encontrou todos os alunos chorosos. Os alunos contarão-lhe o ocorrido. Um menino negro disse que no futuro se casaria com outra coleguinha de sua sala, uma menina branca. Ao ouvir isso, essa lhe disse "eu não vou casar. Você é feio, preto e pobre". Diante do acontecido, a professora que estava como regente na sala chamou atenção de todas as crianças, dizendo que isso era discriminação. Tais atitudes não deveriam acontecer. O impacto dessa conversa foi tão grande que as crianças, depois de refletir sobre o que aconteceu, ficaram todas chorosas. A bolsista disse que a atitude da professora foi muito positiva para evitar a perpetuação do racismo no espaço escolar.

Em certo momento, discutimos a frase utilizada como epígrafe dessa postagem. "Por favor, entendam o meu escurecimento. Abandonei a convicta e confortável clareza das coisas" de autoria de Cristiane Sobral. No início, não houve consenso sobre seu significado. Alguns disseram não entender do que se tratava. Depois, passamos a discuti-la, ponto por ponto. A frase revela o nascimento de uma identidade negra. Aponta para a valorização da cultura negra. Refere-se com ironia e criticidade em relação à "clareza das coisas". Questiona os pressupostos que escuro/preto é ruim e claro/branco é bom.

Ao final dos trabalhos da tarde, foi consensual entre nós que o encontro foi muito produtivo para a nossa formação. A cada encontro, o grupo se sente mais coeso e unido entre si e empenhados nos objetivos gerais do grupo. Ficamos todos satisfeitos com os resultados do dia.



Obs:
Na manhã desse dia (25/03/2014), os bolsistas e o coordenador se reuniram no Laboratório de História para criação e atualização do currículo lattes de cada um. Aqueles que não compareceram na parte da manhã, permaneceram no laboratório após o horário da reunião vespertina para atualizar o lattes. Incluímos no currículo de cada um o projeto do PIBID (componentes, código identificador 128280, valor mensal total das bolsas).

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