Autoria do texto: Euzebio Carvalho
Apresentação
Nossa proposta volta-se para o Ensino Fundamental. Ampara-se
no diálogo atento à obrigatoriedade do estudo de História e Cultura
Afro-Brasileira (leis 10.639/2003, 11.645/2008 e lei n. 12.288/2010; Res.
n.1/2004). Tais documentos reconhecem e valorizam a identidade, história e
cultura da população negra, fundamentais para “efetivação da igualdade de oportunidades,
a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à
discriminação e às demais formas de intolerância étnica” (BRASIL, lei
12.288/2010). Em acordo com o texto das Diretrizes “O Brasil, ao longo de sua
história, estabeleceu um modelo de desenvolvimento excludente, impedindo que
milhões de brasileiros tivessem acesso à escola ou nela permanecessem” (BRASIL.
DCNERER. 2004). Para Cavellero (2006, p. 22), no ambiente escolar, as crianças
negras estão ainda sob jugo de práticas racistas e discriminatórias, presentes
e reforçadas desde os materiais pedagógicos à formação dos professores. Tais
fatores são perceptíveis numericamente. Dados de 2004 revelam que as pessoas
negras tem 4,2 anos de estudos enquanto as brancas tem 6,2. Na faixa etária
entre 14 e 15 anos, existem 12% a mais de negros não afabetizados que brancos.
Das crianças que estão no mercado de trabalho, 40,5% são negras enquanto apenas
15% são brancas (BRASIL. DCNERER. 2004). Nesse sentido, esse subprojeto ecoa as
políticas públicas e os programas de ações afirmativas promovidas pela
federação desde 2003. “Os programas de ação afirmativa constituir-se-ão em
políticas públicas destinadas a reparar as distorções e desigualdades sociais e
demais práticas discriminatórias adotadas, na esfera pública e privada, durante
o processo de formação social do País”. (BRASIL, lei 12.288/2010). É no
interior das escolas que muitas práticas fortalecem a discriminação.
Identificadas por Bullying, elas
escondem referenciais racistas pois ancoram-se nas características
étnicas (cor da pele, tipo de cabelo etc). Com base nos supracitados
documentos, em conveniência com as expectativas criadas no âmbito do PIBID, o
subprojeto “Educação das Relações Étnico-Raciais: as africanidades brasileiras
na sala de aula”, sela o compromisso com a inserção de estudantes de
licenciatura em História de forma proativa e transformadora em escolas públicas
da educação básica. Esse subprojeto será pautado pelos:
Objetivo Geral:
Elaborar, executar, avaliar, sistematizar e publicizar
situações de ensino/aprendizagem pautadas pela Educação das Relações
Étnico-Raciais (ERER) e pela História e Cultura Afro-Brasileira (HCAB) para
favorecer o enfrentamento das discrimações e desigualdades de oportunidades
motivadas por diferenças étnico-raciais (conf. Lei n.11.645/2008;
n.12.888/2010) com ênfase na inserção e aperfeiçoamento de licenciandos em
História no cotidiano da Educação Básica.
Objetivos Específicos:
- Construir e propor dinâmicas de trabalho docente que se relacionem
à valorização e reconhecimento da identidade, história e cultura
afro-brasileira ao refletir sobre as diferentes contribuições de matriz
africana para a formação social e histórica do Brasil;
- Criar situações de ensino exequíveis, que evidenciem a
prática pedagógica da HCAB, no cotidiano da sala de aula, tematizadas a partir
dos valores civilizacionais afro-brasileiros, de diferentes práticas culturais
(música, literatura, capoeira etc) e religiosas (candomblé, umbanda, tambor de
mina, devoções cristãs negras etc), personalidades de destaques, pela
diversidade de padrões e valores estéticos entre outros;
- Abordar a questão racial como conteúdo interdisciplinar e
como procedimento básico para combater o racismo e promover a equidade de
oportunidade nas relações sociais desde a formação inicial dos professores de
história com vistas à uma sociedade mais justa e democrática: “a população
negra tem o direito de participar de atividades educacionais, culturais e
esportivas e de lazer adequadas a seus interesses e condições, de modo a
contribuir para o patrimônio cultural de sua comunidade e da sociedade
brasileira” (BRASIL, lei 12.288/2010);
- Valorizar positivamente as manifestações contemporâneas e
expressões culturais da população negra da Cidade de Goiás, no interior da
cultura escolar e do currículo da Educação Básica. Nesse sentido, buscar-se-á
os movimentos negros organizados da cidade de Goiás para promover sua
participação junto aos espaços de formação de professor, na universidade, bem
como do Esnino Fundamental, nos espaços escolares. No artigo 11º, relativo à
educação, a Lei 12.288/210 apela para o incentivo à “participação de
intelectuais e representantes do movimento negro para debater com os estudantes
suas vivências relativas às datas comemorativas de caráter cívico”;
Ações previstas
1. Todas as ações previstas nesse subprojeto estarão voltadas
para a Educação Básica, principalmente, para os professores e estudantes do
Ensino Fundamental;
2. Desenvolvimento de ações colaborativas e co-criativas
entorno de um coletivo de estudo e pesquisa sobre as questões étnico-raciais
que tentem aplicar de forma prática no cotidiano das relações escolares as
discussões teóricas e o conhecimento produzido e acumulado sobre a desigualdade
étnica no Brasil e todos os males dela decorrentes. O coletivo será pautado
pela investigação, a criação, a reflexão, o respeito profissional e a interação
entre os discentes da licenciatura em história, os estudantes da Educação
Básica, seus professores e os professores da UnU Goiás. A presente ação atende
ao art. 12 da Lei 12.288/2010 quando essa afirma que os órgãos “de fomento à
pesquisa e à pós-graduação poderão criar incentivos a pesquisas e a programas
de estudo voltados para temas referentes às relações étnicas, aos quilombos e
às questões pertinentes à população negra”;
3. A educação das relações etnico-raciais é condição básica
para o combate à discriminação e a desigualdade racial e de gênero. Nosso
proposta coaduna com um vasto conjunto de ações afirmativas e de políticas
públicas que objetivam empoderar a população negra brasileira, promovendo a sua
participação e integração plena na educação e no mercado de trabalho, em iguais
condições de competição, de oportunidade e de salários com os demais grupos que
formam a sociedade brasileira. Essa ação atende à Lei 12.288/2010, quando essa
apresenta a providência para o fomento do “desenvolvimento de campanhas
educativas, inclusive nas escolas, para que a solidariedade aos membros da
população negra faça parte da cultura de toda a sociedade”;
4. Sistematização e registro das atividades desenvolvidas no
âmbito do projeto por meio da produção de um Diário de Campo que será avaliado
periodicamente pelo coordenador bem como pelo registro em formato de vídeo de
bolso das ações desenvolvidas nas escolas campo para publicizá-las no blog do
projeto;
5. Tendo em vista o desenvolvimento das habilidade e
competências de comunicação e expressão, bem como o aperfeiçoamento do uso da
língua portuguesa, da capacidade de organização de ideias, da construção de
argumentação, de forma escrita e oral, no âmbito desse projeto, promoveremos:
Criação de um blog para o projeto, para sistematização,
registro e divulgação das ações desenvolvidas na comunidade escolar, por meio
de relatos escritos, fotográficos e audiovisuais;
Participação em eventos acadêmico-científicos em níveis
locais, estaduais e nacionais para apresentação das ações desenvolvidas nesse
subprojeto, com comunicações orais e apresentação de pôsteres;
Sistematização por escrito das atividades desenvolvidas por
meio da produção de artigos acadêmicos e de relatos de experiência para
submetê-los à publicação em periódicos científícos;
6. Encontros semanais com os bolsistas e com o(a)
professor(a) da escola parceira, para desenvolvimento de atividades
relacionadas ao ensino, pesquisa e extensão. Os acontecerão no Essa ação
favorecerá a integração entre os membros do projeto, a co-participação e a
criação conjunta, bem como o fortalecimento das ações do coletivo;
7. Elaboração, planejamento e execução de atividades de
extensão para a comunidade escolar em forma de debates, oficinas, mini-cursos,
mesa-redonda, relatos de experiências, encontros, seminários, apresentações
musicais e teatrais, rodas de diálogo, entre outros;
8. Realização de atividades de avaliação sistêmicas, com
docentes e discentes da instituição parceira sobre o subprojeto, por meio de
questionários avaliativos digitais (identificados ou não) que serão
publicizados no blog desse subprojeto. A avaliação sistêmica é fundamental para
a boa articulação dos envolvidos e para garantir a qualidade em todas as ações
realizadas;
9. Atividade de campo (viagens para conhecer lugares de
memória afro-brasileiros como quilombos, museus e casas religiosas de
reconhecida contribuição para a cultura afro-brasileira , como complementação
de atividades de pesquisa, extensão e práticas pedagógicas. Tais lugares de
mória são objetos do artigo 23, da Lei 12.288/2010 pois essa nos diz que “é
inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos
locais de culto e suas liturgias”;
Resultados pretendidos
1. Conscientização e sensibilização de crianças e
adolescentes, bem como de seus professores e de toda a comunidade escolar
acerca da pertinência do ensino da ERER;
2. Institucionalização, no âmbito do currículo escolar e da
licenciatura em História da UEG/UnU Goiás, da História e Cultura Afro
Brasileira; dos valores civilizacionais afro-brasileiros; da Educação para as
Relações Étnico-Raciais; do enfrentamente e combate às discriminações
étnico-raciais e de gênero; do direito à liberdade de consciência e de crença e
ao livre exercício dos cultos religiosos (como previsto na lei 12.288/2010). O
mesmo texto legal também é atendido nessa proposta de subprojeto pois
“incorpora nas matrizes curriculares dos cursos de formação de professores
temas que incluam valores concernentes à pluralidade étnica e cultural da
sociedade brasileira”;
3. Produção, sistematização e publicação de possiblidades
didáticas, de atividades e materiais didáticos relacionadas à ERER pautadas
pela história e pela realidade sócio-econômica local;
4. Formar professores de história que valorizem os valores
civilizacionais e os conteúdos relativos à História e Cultura Afro-brasileiras
e que sejam proativos no combate a qualquer forma de discriminação
étnico-racial e que promovam a participação da população negra, em condição de
igualdade de oportunidade com os demais setores da sociedade;
5. Produção e publicação de artigos acadêmicos, de relatos de
experiência, de comunicações orais e de pôsteres e de monografias a partir das
atividades realizadas no subprojeto;
6. Orientação de Projetos de Pesquisa e de Trabalho de
Conclusão de Curso (monografias) e de ações extensionistas;
7. Participação em eventos acadêmico-científicos para a
divulgação dos resultados do subprojeto;
8. Realização de excursões didáticas para lugares de memória
afro-brasileiras, museus e centros de cultura e de difusão de valores
religiosos de matriz africana. Como nos afirma Cavallero (2006, p. 16): “a
relação com a ancestralidade e a religiosidade africana e com os valores nelas
representados, assim como a produção de um senso de coletividade,
possibilitaram a dinamicidade da cultura e do processo de resistência das
diversas comunidades afro-brasileiras;
Esse é um extrato do subprojeto "Educação Para as Relações Étnico-Raciais: As africanidades brasileiras na sala de aula", da licenciatura em História da Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária de Goiás, que foi contemplado no edital CAPES/PIBID, n. 061/2013.
ResponderExcluirA primeira reunião foi positiva pois conhecemos o projeto e seus objetivos muito importante para desenvolvermos um bom trabalho o professor Euzebio transmite onde queremos chegar com clareza e objetividade.
ResponderExcluirGostei muito do grupo e acredito que conseguiremos alcançar o objetivo proposto
Verdade Maria Cristina, a nossa primeira reunião, teve um resultado muito bom, me deixando com mais expectativas, pois este nosso projeto "Educação para as Relações Étnico-Raciais: As africanidades brasileiras na sala de aula", se constitui de algo bastante relevante, para engradecer assim o prazer de estudar e se envolver nesta que é uma questão tão importante para a sociedade.
ResponderExcluirEstou amando a sua proposta, prof. Euzébio! Parabéns!
ResponderExcluirO projeto "Educação para as Relações Étnico-Raciais: As africanidades brasileiras na sala de aula", foi muito bem apresentado. A nossa primeira reunião foi realmente muito positiva, pois as ideias foram muito bem apresentadas e discutidas. Me sinto feliz em saber que estou tendo a oportunidade de participar de um projeto de tamanha importância para a nossa sociedade. Gostei muito do nosso grupo, e tenho certeza que juntos, com muita dedicação, conseguiremos chegar aos objetivos que nos foram proposto.
ResponderExcluirGostei muito do que foi proposto a respeito do projeto "Educação para as Relações Étnico-Raciais: As africanidades brasileiras na sala de aula". Acredito que formamos um ótimo grupo, e que somente de saber que podemos contribuir para a conscientização da importância da cultura negra na nossa sociedade já temos uma grande valia, afinal temos um pouco, ou muito deles, na nossa culinária, vestimentas, artes, crenças e no físico, mas o que temos que trabalhar cada dia é para que eles sejam vistos com todo o respeito que merecem.
ResponderExcluirO primeiro coletivo de estudos foi interessante e empolgante.Pois o grupo de pibidianos demonstrou interesse e afinidade com o assunto, para qual atenta-se o subprojeto "Educação para as Relações Étnico -Raciais:As africanidades brasileiras na sala de aula". A proposta do subprojeto é bem positiva, pois acredito que com o esforço do grupo, iremos alcançar bons resultados com o subprojeto. Sabemos que, a conscientização etno- racial não acontece de um dia para o outro, muito menos com qualquer pessoa, é preciso entender e compreender todo o processo de sofrimento, de tortura e marginalização desde os idos das senzalas até os dias atuais.Acabar definitivamente com o racismo, talvez isso nunca aconteça, mas para que posteriormente haja uma sociedade que saiba ao menos respeitar a cultura negra, é preciso que tenha docentes preparados e qualificados nas escolas,e projetos como este que contribuem para uma formação de cidadãos conscientes, e uma sociedade menos racista.
ResponderExcluirO projeto está de parabéns! Adorei nossa primeira reunião, conhecer as bases que nos proporcionam força é muito importante, pois há muita coisa que consta nas leis e raramente são vistas em prática. Conhecer o grupo também foi ótimo e com certeza, acredito que alcançaremos nossos objetivos! faremos nossa parte para proporcionar às crianças uma nova forma de ver o mundo sem as barreiras raciais que prejudicam a todos... claro que nada é feito da noite para o dia, mas vamos contribuir para modificar isto! boa sorte a todos.
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